CONSTITUIÇÃO PRA QUÊ - COMO FICA O ADICIONAL DE 25% PARA AS DEMAIS APOSENTADORIAS?
O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1720805, fixou a
seguinte tese: “Comprovada a necessidade de assistência permanente de terceiro,
é devido o acréscimo de 25%, previsto no artigo 45 da Lei 8.213/1991, a todas
as modalidades de aposentadoria.” A decisão foi submetida ao rito dos recursos
repetitivos.
Pois bem. Segundo as
“más-linguas”, o Supremo Tribunal Federal irá admitir, com fundamento na
existência de “argumentos constitucionais”, recurso interposto pelo INSS,
devendo prevalecer um discurso à base de elementos econômicos, relacionados, em
matéria previdenciária, a uma preocupação com o equilíbrio financeiro e
atuarial e a fonte de custeio. As decisões contra o INSS (quase) sempre geram
esse tipo de especulação, logo, vamos aos problemas. Mesmo quando raciocínio
com exemplos abstratos, estou aplicando.
Primeiro, dizer que o STJ
utilizou argumentos constitucionais. Quem disse que a Corte Cidadão não pode
utilizar argumentos constitucionais? Aplicar nulidade parcial, com ou sem
redução de texto, ou declarar a inconstitucionalidade de uma lei, tudo bem.
Agora, existem princípios constitucionais que fundamentam e comandam a
aplicação das regras (infraconstitucionais). Ao STJ não é apenas possível como
devido decidir conforme à Constituição (por princípios). Como já escreveu Lenio
Streck, “cada cidadão tem de obter uma resposta adequada à Constituição”.
Segundo, o Poder Judiciário
não é o destinatário do princípio do equilíbrio financeiro atuarial, sob pena
das supostas consequências práticas de uma decisão determinarem o próprio
Direito, ou melhor, prevalecerem sobre argumentos normativos e,
consequentemente, direitos fundamentais-sociais. Querem transformar a expressão
“equilíbrio econômico da Previdência Social” em um argumento alakazam, capaz de
justificar o não reconhecimento a direitos previdenciários de forma antecipada
(anti-hermenêutica), dispensando-se uma decodificação das análises econômicas e
qualquer outra discussão (jurídica).
O que precisa ficar muito
claro: se não existe uma fonte de custeio específica é porque o adicional de
25% é custeado por todos os que recolhem para o sistema da Previdência Social.
Isso porque não é possível antever quem dele irá necessitar. Com efeito, o
argumento da fonte de custeio não se presta para negar o direito, a menos que a
concepção de solidariedade não tenha superado sua estrita vinculação causal
entre contribuição e benefício (entre direitos e deveres), no melhor 1 para 1,
sendo, portanto, o coletivo concebido como mera soma de indivíduos. A solidariedade
impõe à coletividade se encarregar da prevenção e proteção dos segurados.
Ainda, ao Superior Tribunal
de Justiça não cabe apenas declarar a lei. A tarefa de nenhum juiz se restringe
a de ser um ato de conhecimento. Ao Judiciário é lícito intervir, considerando,
exatamente, os direitos fundamentais à saúde, à vida e a dignidade, bem assim o
caráter social do adicional, nos termos da decisão do STJ, que aqui parabenizo.
Escrito por Diego Henrique
Schuster
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